sábado, 2 de novembro de 2013

Síntese do primeiro dia de trabalho do III Encontro Nacional



Na manhã do primeiro dia do encontro o assessor, Frei João Fernandes, OFM, apresentou análise da pós-modernidade ao refletir sobre o tema “Os desafios da evangelização em tempos de mudança de época.”

O mundo pós-moderno não traz apenas pontos negativos, mas também possibilidades de evangelização. A dificuldade pode também significar possibilidade. Mais profundo do que pensar que vivemos uma “época de mudança” é nos dar conta que estamos numa “mudança de época” que precisamos conhecer cada vez melhor. Neste contexto as principais dificuldades são as tentações de não reconhecer essa mudança ou de enxergar apenas os contra-valores da cultura atual.

Podemos perceber que o que está em alta hoje é a efemeridade, a emoção, o prazer imediato, o estético. Isso se contrapõe com os valores eternos, com a utopia, o sonho, o ético, o sacrifício, a renúncia, o discurso escatológico de salvação e vida eterna. Vivemos sob a primazia do indivíduo e da subjetividade em que cada um decide o que quer e a verdade torna-se relativa. A sociedade vive uma crise de valores e se mostra fragmentada, o que se reflete, por exemplo, nos vários papéis ou perfis que ela representa sem coerência entre eles.

Vivemos também sob a primazia do econômico. Consumir tornou-se uma necessidade imposta pela sociedade globalizada. A religião entra nessa lógica de mercado por meio da cultura da prosperidade (neopentecostalismo) com a supervalorização da emoção, do sentimento e do imediato. A pós-modernidade trouxe ainda a revolução da comunicação, a cultura do virtual, juntamente às tecnologias que ditam os ritmos de vida.

O pluralismo cultural é outra vertente da pós-modernidade e se apresenta hoje através de novas linguagens, dos costumes, da moda, das ideologias e da multiplicidade de valores. Há uma resistência ao pensamento único. Isso pode representar também um ganho porque se aprende a conviver com o diferente.

A comunicação hoje não pode ser vista apenas como um meio, um instrumento. Ela constitui um ambiente no qual vivemos e que alicerça toda uma cultura, um jeito de ser e que afeta significativamente instituições como Família, Escola, Estado e Religião. Estes quatro pilares socioculturais de transmissão de valores perdem espaço para o individuo que, a partir de suas convicções pessoais e subjetivas, chama para si a responsabilidade de referenciar a própria existência. A religião não consegue mais influir no indivíduo. Hoje se crê sem pertença à instituição. A mobilidade religiosa apresenta índices cada vez maiores.

Para evangelizar é preciso, hoje, fazê-lo a partir do convencimento pelo testemunho. Diante da solidão gerada pela individualização e da subjetividade, a proposta do cristianismo é a do encontro comunitário. Isso é essencial. A evangelização deve ser participativa e carece de contato pessoal. Criar caminhos alternativos que proponham uma vida segundo o Evangelho; adequar e diversificar horários para servir ao fiel; qualificar os agentes da evangelização tornando-os competentes ao anúncio; e dar testemunho de vida autêntica e coerente são pistas de ação que devem ser levadas em conta na missão dos franciscanos.

Na parte da tarde o trabalho em grupo procurou adentrar na realidade específica dos participantes, propondo a discussão sobre os desafios e possibilidades na evangelização enfrentados por cada um. Confira as fotos dos grupos:








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